domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cachoeiras de Paulo Afonso e Croatá – a beleza das muitas águas

Antônio Galdino
Antônio GaldinoAntônio GaldinoAs muitas águas retomam o leito original do rio São Francisco em Paulo Afonso

A abertura das comportas das barragens da Chesf, que permitem o renascimento das cachoeiras de Paulo Afonso, é uma operação que mobiliza centenas de profissionais da área técnica, de segurança e administrativa da própria Chesf e outros profissionais, veículos e equipamentos também da Policia Militar e da Prefeitura de Paulo Afonso.

Nessas ocasiões, a beleza do show das águas atrai sempre um grande número de visitantes, que passa dos 2 mil em cada dia, o que muda totalmente a rotina do fluxo normal de turistas nestas áreas da Ilha do Urubu, no Roteiro de Visitação do Complexo Hidrelétrico da Chesf em Paulo Afonso.

Antônio Galdino Antônio Galdino Além dos guardas da Chesf, a guarda municipal, a polícia militar e os agentes de trânsito atuaram na segurança dos visitantes

Daí a presença de centenas de guardas de vigilância da Chesf, policiais militares, guardas municipais, agentes de trânsito e vigilantes terceirizados, além de técnicos da Segurança do Trabalho da Chesf, distribuídos em pontos estratégicos ou circulando pelos vários pontos de visitação num trabalho de orientação aos visitantes e recomendando cuidado, uma atenção especial com as crianças, para que a empolgação da beleza do espetáculo não seja estragada por um acidente, uma queda, motivada pela desatenção. Um trabalho muito eficiente, resultado da parceria da Chesf com a Prefeitura, Polícia Militar, em consonância com os Conselhos Municipal e Regional de Turismo.

Antônio Galdino Antônio Galdino Equipes da APA atendendo no Memorial Chesf

O trabalho se inicia no Memorial Chesf onde uma equipe da Administração da Regional da Chesf controla o fluxo de pessoas para acesso às áreas de visitação.

O show das águas foi possível porque outras equipes da Gerência Regional de Operação da Chesf, desde Sobradinho, em Itaparica e em Paulo Afonso se encarregavam do controle das vazões das comportas das barragens, principalmente as dos braços Principal, do Quebra, do Taquari e do Capuxu, todas na Barragem Delmiro Gouveia.

Na retomada do seu leito normal o rio São Francisco faz ressurgir esplendorosas as quedas da Cachoeira de Paulo Afonso, do Véu da Noiva, as belas quedas do Croatá e a do Capuxu. Beleza total, que emociona e encanta a todos, que ficam, literalmente, de boca aberta, sem palavras para externar o que os seus olhos brilhantes veem em pleno sertão nordestino, nestas terras sertanejas.

Antônio Galdino Antônio Galdino Várias equipes da GRP, como esta, também atuaram na programação de abertura das cachoeiras
As muitas águas que chegaram encontraram a terra ressequida, os arbustos secos, de galhos retorcidos, como a observar o mundão de águas descendo rio abaixo e seguindo, espremendo-se entre os paredões do cânion até invadir o mar, quase 300 quilômetros à frente, na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe.
A expectativa dos que vivem do turismo na região e dos órgãos como os conselhos municipal e regional de turismo, o Departamento Municipal e a Secretaria de Turismo de Paulo Afonso é que se possa ver na prática e de forma periódica, essa abertura das comportas, talvez não com a intensidade que se vê agora, mas que permita, de forma programada, que milhares de visitantes, do Brasil e de outros países onde não há espetáculos como estes, vejam as quedas d`água da Cachoeira de Paulo Afonso que já encantaram o Imperador D. Pedro II que veio vê-las há 153 anos, em 20 de outubro de 1859, e assim descreveu o que viu.

Antônio Galdino Antônio Galdino A placa marca a visita do Imperador D. Pedro II a Cachoeira de Paulo Afonso em 20/10/1859
“É belíssimo o ponto de que se descobrem sete cachoeiras que se reúnem na grande(...) e algumas grandes fervendo a água em caixão de encontro à montanha que parece querer subir por ela acima; o arco-íris produzido pela poeira da água completava esta cena majestosa(...) Tentar descrever a cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços muito imperfeitos.”

Cachoeira que foi inspiração do grande poeta baiano Antônio de Castro Alves no enredo de história dramática, cenário de sua luta contra a escravidão:

Antônio Galdino Antônio Galdino Os versos sobre a Cachoeira e o monumento de Castro Alves são uma homenagem da Chesf
“A cachoeira! Paulo Afonso! O abismo!
A briga colossal dos elementos!
As garras do Centauro em paroxismo
Raspando os flancos dos parcéis sangrentos.
Relutantes na dor do cataclismo
Os braços do gigante suarentos
Aguentando a ranger (espanto! assombro!)
O rio inteiro, que lhe cai no ombro!”


Assim como motivou a tantos saírem de suas terras longínquas ou de cidades nascidas nas margens do rio São Francisco, ainda hoje a volta das águas das cachoeiras de Paulo Afonso têm trazido milhares de pessoas que espalham essas imagens encantadoras, associadas às suas próprias imagens pelas redes sociais, Orkut, Facebook e tantas outras, ilustram matérias jornalísticas, se multiplicam pelos sites, em fotos e vídeos mostrando ao mundo a beleza das muitas águas sertanejas das cachoeiras de Paulo Afonso.

Antônio Galdino Antônio Galdino Quedas do Croatá, que acontecem com a abertura das comportas dos braços do Quebra e Taquari, na Barragem Delmiro Gouveia

No momento atual, de grande cheia do rio São Francisco, o espetáculo das águas em Paulo Afonso deve continuar até o dia 21 de fevereiro.

Esta é uma das formas das cachoeiras de Paulo Afonso voltarem a ser o grande atrativo turístico regional. A outra forma é aprovar o projeto que existe na Agência Nacional das Águas que propõe a abertura periódica da Cachoeira de Paulo Afonso gerando desenvolvimento regional através do turismo. Que isso aconteça outras vezes, de forma programada, para que o mundo conheça ou volte a ver esse espetáculo das águas na caatinga sertaneja, nestas terras nordestinas.

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